Ela e Ele, George Sand. Tradução de Inês Pedrosa. Prefácio de Henry James. ISBN: 9789895491537, 224 pp. Sibila Publicações, 2021. 369 g.
Ela chama-se neste romance Thérèse Jacques e é pintora mas é, na realidade, a própria George Sand. Ele surge como o pintor Laurent de Fauvel mas é, na realidade, o escritor Alfred de Musset, que viveu com a escritora a mais célebre e tempestuosa paixão da literatura francesa, em Paris e em Itália. Une-os o sonho de uma existência em que a arte seja a criação imortal de um amor absoluto — mas ele cansa-se da felicidade assim que a alcança, entregando-se à boémia e ao jogo da sensualidade, e ela cansa-se das variações do humor e do amor dele, recusando-se a assumir o papel da sofredora que tudo suporta por dedicação a um homem de génio.
Este romance claramente autobiográfico gerou um enorme escândalo aquando da sua publicação, em 1859, dois anos depois da morte de Musset, e levou mesmo o irmão do escritor, Paul de Musset, a publicar o romance Lui et Elle (Ele e Ela), parodiando o romance de Sand e vingando-se dela.
Ela e Ele é uma poderosa e fascinante obra literária que retrata, com a argúcia de análise psicológica que singularizou George Sand, uma relação vibrante entre dois grandes espíritos criadores. Um romance ousado, intenso e brilhantemente escrito.
A autora:
George Sand, pseudónimo de Aurore Dupin, baronesa de Dudevant (1804-1876), impôs-se como um dos maiores nomes da literatura francesa, criando uma vasta obra composta por 68 romances, e ainda textos políticos, peças de teatro, memórias e livros de viagens. Aos vinte e sete anos já era o escritor mais popular da Europa, ultrapassando a notoriedade de Victor Hugo e Balzac, que muito a admiravam. Conseguiu o raríssimo feito de ser simultaneamente popular e prestigiada, e foi a primeira mulher a conseguir sustentar-se através da escrita. Henry James elogiou-lhe o talento e o «grande estilo», Dostoievski traduziu-a e homenageou-a, e a sua obra continua a ser referida nos livros de autores contemporâneos como A. S. Byatt.